Os hinos populares dos clubes cariocas são, sem dúvida, os mais cantados, conhecidos e popularizados do futebol brasileiro. Isso só ocorreu quando o compositor de inúmeras marchinhas de carnaval de grande sucesso, principalmente nas décadas de 1940 e 1950, o apaixonado torcedor do América, Lamartine Babo, compôs os hinos dos seis grandes clubes do Rio: além do Botafogo, América, Bangu, Flamengo, Fluminense e Vasco.
Foi em 1942, data da sua composição, que a versão mais moderna passou a dominar o conhecimento popular: os hinos de Lamartine Babo passaram a ser tocados nos salões dos clubes em seus bailes de carnaval e, aos poucos, foram cada vez mais levados para a vida do clube e, principalmente, para os jogos no Maracanã.
Botafogo, Botafogo, campeão desde 1910
Foste herói em cada jogo, Botafogo
Por isso é que tu és e hás de ser
Nosso imenso prazer
Tradições aos milhões tens também
Tu és o Glorioso,
Não podes perder, perder pra ninguém.
Noutros esportes tua fibra está presente
Honrando as cores do Brasil de nossa gente
Na estrada dos louros, um facho de luz
Tua Estrela Solitária te conduz
Apesar de ser o mais conhecido, o hino composto por Lamartine Babo não é o oficial do clube. Na verdade, o Botafogo tem dois hinos oficiais, um dedicado ao futebol e o outro ao remo (os dois principais esportes do clube).
O Hino Oficial do Futebol tem letra de Octacílio Gomes e música de Eduardo Souto.
Botafogo Gentil!
Pura Glória do esporte brasileiro
A expressão mais viril
Da energia e do brio verdadeiro!
A lutar com afã
Tu farás, corrigindo a juventude,
Que o Brasil de amanhã
Seja a pátria da força e da saúde
Teu futuro e teu passado
Defendidos sem repouso
Façam sempre respeitado
Esse teu nome glorioso!
O alvinegro pendão,
O caminho a apontar-nos da vitória
Do Cruzeiro o clarão
As estrelas traduza a nossa glória!
Não te falte jamais
Da ousadia a nobreza e o puro fogo
Que o primeiro, entre os mais,
Há de ser ó glorioso Botafogo
(estribilho: Teu futuro e...)
O Hino Oficial do Remo foi composto por Alberto Ruiz.
Salve ! Ó Club,
dos mais-mais antigo,
que na glória e fama és sublime,
o esplendor do teu vulto se exprime
pela força que vive contigo.
Botafogo qual nave imensa?
De velas pandas sobre o mar?
Nao há perigo que não vença?
Para as vitórias alcançar.
Nem há mais que em valor os iguale?
Na defesa da Estrela Isolada?
Que guarnece a bandeira adorada?
Que à da patria gentil equivale.
Cantar o hino do clube no estádio virou uma prática comum a todos; para a torcida alvinegra, no entanto, o hino do clube é mais que uma simples canção: é a origem de uma força incomum que faz cada torcedor e cada jogador reagir. Toda vez que o time se encontra em situação difícil, ouve-se ecoar no estádio a letra do hino mais conhecido do Rio de Janeiro. E na maioria das ocasiões dá certo: o time reage e acaba arrancando vitórias dramáticas e emocionantes.
Com a evolução do futebol, do espetáculo das bandeiras e das camisas, outros cânticos foram introduzidos nos repertórios das torcidas. A do Botafogo, na década gloriosa de Garrincha, incorporou trechos de sucessos de cantoras e torcedoras apaixonadas, como Emilinha Borba e Beth Carvalho. Até hoje esses refrões são ouvidos em jogos do Alvinegro:
"Se a canoa não virar, olê, olê, olá, eu chego lá";
"Você pagou com traição, a quem sempre lhe deu a mão/ Chora, não vou ligar, chegou a hora, vais me pagar, pode chorar, pode chorar".
Em 2007, uma nova canção surgiu nos estádios. Versão de uma música cantada pelos torcedores do Porto, a torcida botafoguense deu um show cantando em uma só voz a linda letra de "Ninguém Cala":
E ninguém cala esse nosso amor
E é por isso que eu canto assim, é por ti Fogo
Fogooo
Fogooo
Entoada constantemente no espetacular cenário do mais moderno estádio brasileiro, a casa do Botafogo, a canção caiu no gosto popular e na admiração de todas as torcidas, tornando-se praticamente o segundo hino do Glorioso.